Eu.
Numa redoma transparente.
Vejo mas não sinto nem ouço.
Os outros em meu redor.
Não se calam.
Não param.
Não desaparecem.
Eu.
Na minha redoma transparente.
De onde vejo as barbaridades.
De onde odeio e receio.
De onde nada sinto porque não me deixo tocar.
CALA-TE. CALA-TE.
Por muito que berres.
Eu.
Na minha redoma transparente.
Não te ouço.
Aqui sou invisível.
Tão transparente quanto a minha redoma.
Quando respiro fica baça.
Quando gelo fica fria.
Quando morro.
É o meu caixão.
Eu.
Na minha redoma transparente.
Na minha alma dura, fria e invisível.
Eu.
Morri.