De cada vez que me abraças como quem diz "Vá acalma, estou aqui, está tudo bem..."
Sinto-me a afundar no teu corpo e afastar da tua alma.
Deixo de respirar, sufoco.
E as palavras prendem-se mesmo no fundo de mim.
E sempre que tento deitá-las fora...já nem saiem.
Mas apertam-me no peito.
Não quero, não me apetece deitar outra vez.
Sentir o teu calor queima-me.
Que palavras, quais palavras?
São tantas que se atropelam e desistem de aparecer.
Dantes amava o teu cheiro e o teu toque.
Agora nem sei explicar...
Amo-te tanto. Como foi isto acontecer?
Antes eras o meu anjo caído,
O meu cavaleiro salvador.
Eu dizia "mata".
Tu dizias "esfola".
Agora...já nem sei.
Este turbilhão de sentimentos desconexos e contraditórios.
Já nem sei.
Leva-me atrás e com ele.
Nesta espiral descendente.
De um poço do qual serei incapaz de sair.
Já não consigo mentir mais.
Já não consigo disfarçar.
Na minha face e no meu rosto estão marcadas as linhas da dor.
No meu corpo o eterno sofrimento.
E as palavras presas.
Abafadas.
Lágrimas engulidas que já nem dos olhos têm força para sair.
Nem querem.
Já nem sei.